O voo de Pégaso
(Galeria de Arte do Centro Cultural Unimed-BH Minas , 2022)
A construção de um corpo simultaneamente concreto e fluido que quer atravessar o espaço e mergulhar no vazio remonta à formação da artista no mundo da dança, de onde guardou o valor dos deslocamentos que os gestos corporais ativam no espaço. E a escolha dos suportes findou por seguir conceitualmente as ideias formais, ao selecionar matérias transparentes, flexíveis ou imateriais, que apresentam características ambíguas e fugazes. A disciplina e a geometria que se inscrevem nos objetos, junto e apesar da gestualidade expressiva e das emanações barrocas, evocam o trabalho de uma coreografia, que é, afinal, o trabalho que sistematiza e dá organicidade adestrada à liberdade da dança. A persistência de rastros construtivos, além disso, enuncia o recorrente legado do neoconcretismo no imaginário do artista brasileiro, um legado que já havia assimilado o mundo sensível na produção artística, esgarçando o caráter apolíneo do formalismo racional, que estivera nas bases da geometria internacional. Assim, já no movimento construtivo carioca operava-se a ambiguidade entre o caráter retilíneo e ortodoxo da geometria e a subjetivação que se injetava em seu rigor positivista. Alguma reminiscência neoconcreta, portanto, é conceitualmente passível de ser vislumbrada na obra de Iole de Freitas, ela também flutuante entre o gosto clássico e o espírito pré-romântico, no debate constante entre o exame racional das formas e sua exuberância lírica.
Você pode fazer o download gratuito do catálogo da exposição, com texto de Ligia Canongia e projeto gráfico de Sula Danowski | Danowski Design.

Vista da exposição 'Iole de Freitas: o voo de Pégaso'. Foto: Jomar Brangança
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Vista da exposição 'Iole de Freitas: o voo de Pégaso'. Foto: Jomar Brangança
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Vista da exposição 'Iole de Freitas: o voo de Pégaso'. Foto: Jomar Brangança
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