Colapsada, em pé
(Instituto Tomie Ohtake, 2023)


Iole de Freitas: Colapsada, em pé, com curadoria de Paulo Miyada, é uma mostra organizada em torno de uma surpreendente instalação de dimensão monumental no grande hall do Instituto Tomie Ohtake. Produzida com tubos metálicos e placas de policarbonato marcados pelo uso prévio como partes de instalações feitas pela artista nos últimos vinte e cinco anos. Essa nova peça apoia-se sobre o solo e se ergue como um abrigo aberto repleto de movimento.

“Ela dispensou a possibilidade de criar novas linhas e planos suspensos na idiossincrática arquitetura desse espaço de passagem e cruzamento desenhado por Ruy Ohtake, e desceu ao chão de seu ateliê as peças constituintes de dez de suas exposições. Tubos metálicos e placas de policarbonato marcados pelo uso (com arranhões, manchas, sujidades e desgastes) foram então girados, recombinados, aparafusados, soldados”, explica Paulo Miyada, curador chefe do Instituto Tomie Ohtake.


Para a concepção da obra, pela primeira vez em seis décadas, a dança retornou direta e explicitamente ao seu fazer artístico, como modo de apreensão do espaço e concepção da forma. Neste processo ela começou a experimentar fragmentos de dança, cenas curtas ou anotações corporais em meio à obra em construção. Conforme Miyada, mover-se, só ou na companhia de seu neto, Bento Dias Mendes, transformou-se numa espécie de notação que antecipa e testa relações entre partes e formas. “Trata-se da dança como régua, sismógrafo, desenho, maquete, laboratório”, destaca.

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